quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Índios lucram com preservação da floresta

Uma tribo de índios que vive no estado brasileiro de Rondónia, no coração da selva amazónica, e que já lucrou com a extração ilegal de madeira, descobriu uma nova e milionária fonte de renda através da preservação da floresta. 

Uma tribo de índios que vive no estado brasileiro de Rondónia, no coração da selva amazónica, e que já lucrou com a extração ilegal de madeira, descobriu uma nova e milionária fonte de renda através da preservação da floresta. Os Paiter-Suruí acabam de concretizar a primeira venda de créditos de carbono realizada por uma tribo indígena no Brasil. Os Suruí vão receber de uma grande empresa de cosméticos nada menos de 400 mil euros, referentes a 120 mil toneladas de carbono que deixaram de ser lançadas na atmosfera desde que os indígenas mudaram a sua atitude em relação à floresta, deixando de derrubar árvores e de praticar outras ações predadoras, passando a dedicar-se a um tipo de exploração sustentável. A venda agora concretizada é a primeira desse tipo a receber certificação internacional através da Verified Carbon Standard, VCS, e da Climate, Community and Biodiversity Standard, CCB. O negócio, que favorece tanto os índios quanto a natureza, foi fundamentado tecnicamente pelo Idesam, Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas, uma organização não governamental especializada nesse tipo de trabalho. O Idesam primeiro calculou as reservas de carbono existentes na reserva dos Paiter-Suruí e depois estimou quanto desse carbono deixou de ser lançado na atmosfera em decorrência do trabalho de preservação levado a cabo pelos indígenas. Ocupando uma gigantesca reserva com 248 mil hectares, na qual vivem apenas 1350 pessoas no interior de Rondónia, os Suruís, que antes recebiam apenas pouco mais que migalhas dos grandes madeireiros que enriqueciam explorando ilegalmente a madeira da reserva, uma das poucas fontes de renda da tribo, descobriram que não desflorestar é muito mais lucrativo. Com a primeira venda de créditos de carbono, os Suruí obtiveram um lucro antes inimaginável, e estudam ampliar os negócios investindo, entre outras, em ações de turismo sustentável, para continuarem a lucrar sem terem que destruir a floresta.